Cozy Journal


PHOTOGRAPHY CREATIVE JOURNAL

Sem rotina

Finalmente um respiro, dias mais desacelerados, calmos e com uma pitada de fĂ©rias. Será que agora consigo algum refresco? Minha rotina tem sido tĂŁo corrida em meio a essa pandemia que eu mal consigo sair do quarto e ver o cĂ©u lá fora ou atĂ© mesmo tomar um pouco de sol. Muitas vezes quero apenas gritar num local sem ninguĂ©m por perto e desabafar a frase que mais me pesa no peito "NĂŁo aguento mais". Desabei. É impressionante como estamos vivendo um perĂ­odo (ou seria uma Ă©poca?) em que parece que o tempo todo temos que estar fazendo alguma coisa ou mostrando algo, principalmente nas mĂ­dias. 

"Temos que ser produtivos". "Temos que trabalhar mais". "Alcançar mais metas. Traçar mais objetivos". "Temos que seguir essa nova tendência". "Temos que empreender mais". "Temos isso. Temos aquilo". "MAIS!". É porque senão a gente perde o "time", né? "Fulano tá fazendo. Sicrano começou também". Calma lá... O que aconteceu com as pessoas? Por que nos tornamos tão automáticos ou consumidores excessivos da produtividade?

Eu estava levando essa maldita rotina e isso virou uma tortura, aguentei 9 meses e fui tomada por um desespero sem fim atĂ© que decidi dar um basta nesse ritmo de trabalho tĂłxico, sem momento decente para a famĂ­lia, sem tempo para Deus, para respirar de verdade lá fora, para fazer algum hobby meu e para autocuidado real (sem necessariamente ter um resultado pra mostrar para alguĂ©m), ou atĂ© mesmo ver um filme totalmente descansada sem surtar com assuntos do trabalho e da graduação que estavam pendentes. Dormir sossegada sem ter que pensar nos pepinos e abacaxis da empresa que eu teria no dia seguinte. Respira... 

Mas, espera, a pergunta não deveria ser: o que aconteceu comigo? Afinal, as pessoas são elas e pronto, cada um leva a vida do jeito que quer... Por que eu estou sendo envolvida nessa variante doentia aos meus olhos? Depois de 1 ano de isolamento e o mundo está mais frenético que antes, as pessoas mostram ainda mais o que fazem e o que produzem nas redes sociais. Não me encaixo no novo cenário, é isso? Que seja!

Eu sĂł consigo pensar em como estava saturada, afundando no mesmo barco, prejudicando minha saĂşde fĂ­sica e emocional, sacrificando instantes valiosos. Enquanto eu escrevia no meu journal hoje e escutava Raiz, fiquei pensando... Reflexões vindas tambĂ©m depois de ler John Bunyan. 

Ah, que saudade desses dias menos frenĂ©ticos! Qual foi a Ăşltima vez que fotografei para mim, que sentei no quintal, sem peso algum, para olhar e contemplar as pequenas coisas ao meu redor num fim de tarde? Que li algum livro em paz, escutando uma playlist suave e gastando meus minutos de forma mais agradável... Sem cobranças. Sem rotina.



Deixa olhar, será que vai chover?
Na cidade o céu nem dá pra ver
Oh saudade...

Comentários

  1. Laís, cada vez que leio algo assim a minha vontade de viver uma vida mais simples e calma me invade. Também sinto que não fui feita pra esse ritmo acelerado... nos últimos dias me vi quase em desespero pensando "o que eu tô fazendo da minha vida?", mas não por não estar fazendo nada, mas pq me vi saturada dessa rotina de trabalhos da facul e etc... Eu fico aqui pensando, até nós que não nos sentimos atraídas por esse ritmo acelerado somos puxadas pra ele, né? que possamos encontrar nosso ponto de respiro e equilíbrio. Abraços.

    Me identifiquei com sua reflexĂŁo, e que fotos ♡

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    1. Oi, Liz!
      Eu compartilho tanto com o que você disse, esse sentimento de querer ter uma vida mais simples e calma também é muuuito real para mim, depois de 9 meses mergulhada num caos, eu sei que desejo algo assim mais do que nunca. E é isso mesmo, Liz, por o mundo estar cada vez mais frenético, acaba que a gente também é atingida e puxada pra esse buraco negro, né? Mas espero que a gente consiga sempre voltar ao nosso estado normal, rs.

      Obrigada pelo carinho de sempre e apoio, abraços. <3

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  2. Postagem linda, Laís, e me vi em muita coisa, claro. Porque, além do isolamento social, várias vezes sinto que também estou me isolando dentro do meu próprio quarto "para dar conta de tudo". No último mês, também pensei sobre isso e tenho tentado estar mais presente ao menos para as pessoas próximas a mim. Simplicidade é tudo. Calma. Paz.

    Fotografias lindas também!

    Um abraço enorme para você.

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    1. É exatamente isso, Larissa, sinto mesmo. Eu espero que as mudanças de ultimamente continuem causando mais coisas boas em nós para compensar as ruins que vemos e vivemos. <3

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  3. Ai Laís, espero que agora você esteja conseguindo se permitir descansar. Eu também estava assim. Tive um burnout, uma crise criativa e fiquei meses sem conseguir criar nada. Estou voltando aos poucos, mas sem pressão pra não enlouquecer. E muitas coisas deixei de fazer mesmo, como acompanhar o instagram.

    Espero que vocĂŞ encontre seu equilĂ­brio. Bom Junho pra vocĂŞ ♥

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    1. Nossa, Clau, Ă© tĂŁo ruim quando esse tipo de coisa acontece. Realmente eu percebi que o descanso ajuda muito, mas quando eu paro pra analisar sĂŁo mais perrengues do que momentos de paz, entĂŁo eu saio tentando agarrar cada oportunidade amena que surge... Eu espero que vocĂŞ esteja melhor e que os dias por aĂ­ sejam mais tranquilos e criativos. Bj <3

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